28 de agosto de 2011

QUEBRANDO PARADIGMAS NA EDUCAÇÃO

Até quando falaremos sobre quebra de paradigmas na educação?

A resposta a esse questionamento nos é apresentada todos os dias.  Não falo apenas dos dados estatísticos apresentados pelos órgãos oficiais do governo sobre qualidade do ensino, evasão, reprovação, e outros. Quem vive no espaço escolar sabe que a situação educacional no Brasil tem se apresentado de forma crítica. Altos índices de reprovação; quadros de evasão escolar; dificuldades de aprendizagem; violência escolar etc.

Assim, faz-se necessário a discussão contínua sobre: “Que tipo de educação queremos em nossa sala, escola, estado, ou país?” Uma educação nos moldes do “industrialismo”? O vídeo desta semana, postado em nosso blog, nos faz refletir exatamente sobre isso, as mudanças ocorridas na sociedade e como temos respondido a estas transformações ao se planejar a educação.

- Caso queira assistir ao vídeo diretamento no Youtube,
dê um clique no vídeo acima para ser direcionado.
Para ajudar na compreensão do vídeo, transcrevo abaixo a legenda do filme com
alguns acertos gramaticais. Espero que gostem do vídeo selecionado.

Desejo um bom estudo.
E se puder, deixe seu comentário em nosso blog.
Um grande abraço e até a próxima postagem.

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TRANSCRIÇÃO DA LEGENDA:

“Todo país no mundo, nesse momento está reformando o ensino público.
 
Existem 2 motivos: O primeiro é econômico. As pessoas estão tentando entender como educamos nossas crianças a tomar seus lugares na economia do séc. 21
 
Como fazemos isso?

Dado que não conseguimos antecipar como a economia estará no final da semana que vem, devido a turbulências recentes.  Como fazemos isso?

O segundo é cultural
 
Todo país no mundo está tentando entender como educamos nossas crianças para terem um senso de identidade cultural para passarmos nossos conhecimentos culturais enquanto fazemos parte do processo de globalização.

Como fecharemos esse círculo?

O problema é que estão tentando encontrar o futuro fazendo coisas do passado. E no processo estão alienando milhões de crianças que não vêem motivos em ir pra escola.

Quando nós fomos pra escola nos disseram que se você trabalhasse muito e fosse bem  
e tivesse um diploma universitário teria um trabalho.

Nossas crianças não acreditam nisso. E estão certas em fazê-lo. É melhor se ter um diploma do que não ter mas não é mais uma garantia. E principalmente se o caminho pra conseguir isso marginaliza as coisas que você acha importante sobre você mesmo. As pessoas dizem que temos que aumentar os padrões se isso for uma avanço. Realmente, deveríamos. Pra que baixá-los?

Ainda não encontrei argumentos para baixá-los

Mas claro que deveríamos aumentar. O problema é que o atual sistema educacional foi desenhado, criado e estruturado para outros tempos.

Foi criado na cultura intelectual do iluminismo. E no tempo econômico da Revolução Industrial.

Antes do meio do séc. 18 não haviam sistemas públicos de educação. Haviam escolas jesuítas, caso você pudesse pagar. Mas educação pública, paga por impostos compulsório para todos e gratuita foi uma idéia revolucionária. E muitas pessoas foram contra isso, falaram que não era possível para filhos de trabalhadores manuais se beneficiarem pelo ensino público eles seriam incapazes de ler e escrever, e por que estamos gastando tempo com isso?

Eles assumiam uma série de coisas sobre estrutura social e capacidades. Isso era levado pelo imperativo econômico da época passando por isso um modelo de mente intelectual, que era essencialmente a visão do iluminismo de inteligência. Que inteligência de verdade consistia em uma certa capacidade de pensamento dedutivo e conhecimento dos clássicos. O que chamamos de habilidade acadêmica. E isso está profundo no gene de educação pública,  que existiriam 2 tipos de pessoas as acadêmicas e não-acadêmicas, pessoas espertas e pessoas não espertas. E a consequência é que muitas pessoas brilhantes acham que não o são pois são julgadas por essa visão particular da mente. Então temos 2 pilares: econômico e intelectual e minha visão é que esse modelo gerou caos na vida de algumas pessoas foi ótimo pra alguns, em pessoas que se beneficiaram muito com isso mas a maior parte do povo não. Ao invés disso, sofrem disso: essa é a epidemia moderna, e está tão mal colocada como é fictícia.

Essa é a praga do TDAH. Esse é uma mapa de incidência de TDAH nos EUA ou de receitas para isso. Não entendam mal, eu não estou dizendo que não existe Transtorno de Déficit de Atenção.  Não sou qualificado para dizer isso. Sei que muitos pediatras e psicólogos acreditam que existe sim. Mas ainda é uma questão de debate. O que sei como fato é que não é epidêmico. Essa crianças estão sendo medicadas tão rotineiramente quanto se retiram amídalas do mesmo modo caprichoso, pelo mesmo motivo: tendência médica. Nossas crianças vivem no período mais estimulante da história do mundo. Estão sendo procuradas pela informação e tem sua atenção chamada por todo tipo de aparelhos, de computadores a IPhones, comerciais e centenas de canais televisivos.

E são penalizadas por se distraírem com isso.Do quê? Coisas chatas, na escola, em geral.  

Me parece, não coincidentemente, que a incidência de TDAH cresceu com o número de testes padrões.

Essas crianças estão tomando remédios pesados (Adderall, Ritalina) para que se foquem e acalmem. Mas de acordo com isso o TDAH aumenta conforme se viaja para o leste do país.

As pessoas começam a perder o interesse em Oklahoma, eles mal pensam direito em Arkansas, e quando chegam em Washington eles já se perderam. E acredito que existem motivos diferentes pra isso...

É uma epidemia fictícia. Se você pensar nisso, as artes, e não acho que sejam só as artes, também acontece com ciência e matemática, mas falo particularmente das artes porque elas são as vítimas desse tipo de mentalidade. As artes utilizam a idéia de experiência estética. Que é quando seus sentidos operam em seu máximo, Você está presente no momento, está aproveitando o excitamento dessa experiência que você está presenciando. Você está vivo.

Um anestésico é quando você desliga os sentidos. E se apaga do que está acontecendo. E muitos desses remédios são isso. Nós estamos educando nossas crianças enquanto anestesiadas. E acho que deveríamos fazer o oposto, não deveríamos estar as fazendo dormir deveríamos estar acordando-as para o que há dentro delas. Mas o modelo que temos é esse:
 
Acredito que temos um sistema educacional modelado nos interesses do industrialismo e pela imagem dele. Te darei alguns exemplos: Escolas ainda são organizadas em linhas de fábrica. Sinos, departamentos separados, separada em matérias especializadas. Ainda educamos crianças por lotes, as colocamos no sistema por grupos etários. Por que fazemos isso? Pra que assumir que a coisa mais importante que as crianças têm em comum é sua idade? É como se a coisa mais importante sobre elas fosse sua data de fabricação. Eu conheço crianças que são muito melhores que outras da mesma idade em matérias diferentes. Ou durantes horários diferentes do dia, ou são melhores em grupos menores, ou grupos maiores, e às vezes querem estar sozinhas. Se se está interessado em modelo de aprendizagem não se começa dessa mentalidade de linha de produção. É essencialmente sobre conformidade, e cada vez mais sobre isso com os testes padrões e grades educacionais padrão. E é sobre padronização, acredito que devemos ir na direção oposta. É isso que digo com "mudar o paradigma"

 Houve um grande estudo recentemente sobre Pensamento Divergente. Que não é a mesma coisa que criatividade. Eu defino criatividade como o processo de ter idéias originais que têm valor. Pensamento divergente não é sinônimo, mas é uma capacidade essencial para criatividade.

É a habilidade de ver várias respostas possíveis para uma questão, várias maneiras possíveis de interpretar a questão. De pensar, como diz Ed de Bond, lateralmente não só linearmente ou de modo convergente. Ver diversas respostas, não só uma. Existe uma teste pra isso. Um exemplo seria perguntar. Quantos usos se pode gerar para um clips de papel?

Uma pergunta rotineira. A maior parte das pessoas consegue 10 ou 15. Pessoas que são boas nisso pode chegar a 200. E eles fazem isso pensando "O clips poderia ter 70m de altura e ser feito de borracha?"

"Teria que ser um clips como conhecemos?" Deram esse teste pra 500 pessoas, em um livro chamado "Great Points and Beyond" E no teste, se você ficasse acima de um certo nível

Você seria um gênio de pensamento divergente. Qual porcentagem das 500 pessoas testadas conseguir chegar em "gênio"?

E outra coisa sobre essas pessoas eram alunos de pré-escola. O que vocês acham? Qual porcentagem de gênios? 80 por cento? Foram 98 por cento. Mas era um estudo longitudinal, então refizeram o teste com as mesmas crianças 5 anos depois Idade de 8 a 10. O que vocês acham? 50% Fizeram de novo 5 anos depois, 13 a 15 anos . Você vê uma tendência acontecendo. Isso conta uma história interessante porque você poderia imaginar isso indo pra qualquer lado. Você começa não muito bem, mas melhora com o tempo. Isso mostra 2 coisas:

 Uma sendo que todos temos essa capacidade. E outra que ela geralmente se deteriora. Muitas coisas aconteceram com essas crianças crescendo, muitas mas uma das mais importantes é que agora elas foram educadas. Passaram 10 anos na escola ouvindo que há uma resposta  que está na parte de trás do livro. Mas não olhe! E não copie! Pois isso é trapacear. Fora das escolas isso é colaboração mas dentro... Isso não é porque professores querem assim mas porque acontece assim. Pois está no gene da educação. Temos que pensar diferente sobre capacidade humana, temos que superar essa noção de acadêmico, não-acadêmico abstrato, teórico, prazeroso,...

 E ver isso pelo que é, um mito. Temos que ver que aprendizado acontece em grupos e colaboração faz o crescimento. E se atomizamos as pessoas e as julgamos separadamente criamos disjunção entre elas e seu ambiente natural de aprendizado.E é também sobre a cultura das nossas instituições, os hábitos da instituição e o lugar que elas ocupam.”

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